Microscopia do conteúdo vaginal: quando olhar de perto muda tudo

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Julia Karkoska

Ginecologista e Obstetra

Infecções vaginais são queixas extremamente comuns no consultório ginecológico. Coceira, corrimento, ardência, desconforto na relação — sintomas que muitas mulheres já experimentaram alguma vez. E, diante deles, é comum ver tratamentos repetidos, muitas vezes feitos “no escuro”, com medicamentos para candidíase ou vaginose bacteriana, sem uma confirmação real do diagnóstico.

Mas a verdade é que nem tudo se resume a candidíase ou vaginose. Às vezes as duas condições coexistem, às vezes o que está por trás dos sintomas é uma vaginite atrófica, alterações inflamatórias, desequilíbrios da flora vaginal, ou até reações a produtos de higiene íntima. E é aí que a microscopia do conteúdo vaginal ganha um papel fundamental.

Trata-se de um exame simples, feito no próprio consultório, durante a consulta ginecológica, que permite avaliar ao microscópio o material coletado da vagina. Com ele, conseguimos visualizar fungos, bactérias, leucócitos, clue cells, grau de acidez, presença de lactobacilos, entre outros detalhes que ajudam a direcionar o diagnóstico com muito mais precisão.

Isso é especialmente importante em casos de recorrência, quando os sintomas persistem mesmo após múltiplos tratamentos, ou quando há dúvidas sobre o que realmente está acontecendo. Sem um diagnóstico correto, é comum ver pacientes alternando entre pomadas, óvulos e antifúngicos orais — sem melhora definitiva.

A microscopia ajuda a interromper esse ciclo, oferecendo respostas concretas e condutas mais assertivas. E, principalmente, trazendo alívio e clareza para quem muitas vezes já se sente cansada de não saber o que tem.

Se você está enfrentando sintomas vaginais que insistem em voltar, talvez o próximo passo não seja trocar o remédio — e sim olhar de perto o que está acontecendo de fato.

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